quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O regime.

Hoje num programa da Sic Notícias constatei uma coisa no mínimo curiosa….Estamos em vésperas da entrega no parlamento da proposta de orçamento de Estado(OE) de 2011.Falava-se da conjectura em que vivemos. Todos sabemos onde estamos e para onde vamos. Esse é o destino e é talvez mais penoso que possamos imaginar. Surge o tema da governablidade. Tema muito falado por todo o lado diga-se. Nas décadas de democracia tivemos três maiorias absolutas: duas do PSD e uma do PS. Portanto, practicamente todos os governos pós 25 de abril foram de maioria relativa. Na nossa recente democracia fomos governados pelo PS ou pelo PSD, ainda que alguns governos deste tenham sido em coligação com o CDS/PP. Significa isto que só três partidos foram governo em Portugal.

Então António Costa do Parido Socialista(PS), que até é presidente da CML , sugere que entre o PS e o PSD(Partido Social Democrata) devia existir um pacto de regime. Quis com isto dizer que nas questões fundamentais numa legislatura os dois partidos de governo se deviam entender( na aprovação do OE, nas moções de censura ou de confiança, por exemplo). Como ele diz o PSD quando está no governo esta numa posição mais confortável que o PS. O PSD consegue facilmente entender-se  com o CDS, daí ter mais establidade política na governação e fazer passar mais facilmente os diplomas na Assembleia. Os partidos á esquerda do PS, o PCP(Partido comunista Português) e o BE(Bloco de Esquerda), são partidos que fazem oposição ao PS quer esteja no governo ou não. António deixa claro que  “o PCP nunca deixou passar um OE do PS”…

Eu pergunto-me: já não existe um pacto de regime? Será que são precisos mais negociatas para o que dá mais jeito ? então as pessoas que não votam nem no Ps nem no PSD ? Os partidos à esquerda do PS são os que seguem um rumo mais de acordo com as suas ideologias, de acordo com os seus princípios. Os partidos do centro, entenda-se o PS e o PSD seguem o rumo que mais convém para chegar ao poder. E nesse rumo vale tudo desde enganar as pessoas com promessas eleitorais que nunca vão cumprir. Acima de tudo manter as pessoas nos lugares certos , como na justiça e nos grandes grupos económicos. A máquina do Estado é mesma essa: seguir os interesses dos dois partidos. “É para mim e para ti”. Só se chateiam quando um deles se “estica” mais do que deve(!).

Os partidos mais pequenos têm tendência para serem mais verdadeiros, para usar uma palavra mais convencional. Talvez por serem pequenos e por terem uma lógica de crescimento. Esse crescimento para o BE e para o PCP baseia-se nas suas ideias de esquerda. Quem vota nestes partidos é por isso mesmo, daí nao resulta nenhuma dúvida. O desvio de rumo nao interessa minimamente, põe em causa o desejo de crescimento. E afastando a ideia de que votar no BE ou PCP  é um voto útil é um objectivo. è um processo longo, mas só com coerência se mantem os votos que se conseguiram pelo menos. Hoje em dia cumprir e não desiludir as pessoas que acreditaram num projecto ou num líder é uma tarefa cada vez mais complicada em politica.

Veja-se o que acontece em Portugal: a grande maioria das pessoas votam no PS ou PSD. Por isso não são de esquerda nem de direita. Não têm uma identificação político-partidária. Os votos são repartidos entre eles.Assim continuam comodamente, uma parte da sociedade mais interessada num governo do PS , a outra parte num governo PSD. O BE e o PCP procuram ser os mais seguidores das suas doutrinas ideológicas e fazem oposição ao governo. Procurando sempre o caminho do crescimento e terem cada vez mais influência e poder de decisão na sociedade. O CDS/PP em parte faz o mesmo, mas sabe que a qualquer momento tem uns lugares no governo à custa do PSD…Enquanto o PS e o PSD vão governando e desgovernando o país.